Fake News: 83% da população se atenta às notícias que compartilha
Eleita palavra do ano de 2017 pelo dicionário em inglês da editora britânica Collins, o termo “Fake News”, ou seja, notícia falsa, tem despertado interesse tanto pelo seu impacto nas mais variadas esferas de atuação, especialmente na política. Nas eleições presidenciais dos Estados Unidos, quando o empresário Donald Trump foi escolhido pelo voto, muito se falou sobre a interferência das fake News no pleito.
No Brasil, as eleições presidenciais serão em outubro próximo e muito já tem se discutido em como atacar esse problema e também em qual o seu impacto na vida das pessoas. De acordo com uma pesquisa encomendada pela revista Veja, ao instituto Ideia Big Data, 83% dos brasileiros ficam atentos a circulação de notícias falsas na internet. O levantamento foi feito em 37 cidades das cinco regiões do país e mostra o cuidado com o que se compartilha muda de acordo com a renda e idade dos internautas.
Nas classes mais altas, como A, 52% afirmaram checar abundantemente as notícias que divulgam; na classe B, 46% verificam a veracidade da informação. Já nas classes D e E, 24% e 13% da população checa a autenticidade da notícia.
As Fake News (notícias falsas), segundo com o jornalista e professor do Centro Universitário das Faculdades Associadas (Unifae), Wiliam Oliveira, costuma ser compartilhadas pois as pessoas realmente acreditam na informação lida. “Geralmente elas têm uma tendência inicial de acreditar em tudo e poucas são aquelas que desconfiam ou mesmo que pesquisem a veracidade ou não do fato. Não é somente a ‘preguiça’ de pesquisas, mas também o número excessivo de informações que recebemos durante o dia”, falou.
Wiliam também atribuiu as notícias sensacionalistas às Fake News e também ao desejo de ser o primeiro em dar a informação. “O sensacionalismo é uma das causas do Fake News, mas existe também o efeito primazia. Ou seja, a vontade de dar a notícia em primeira mão, o famoso ‘furo’ de reportagem, alimentada pela pressa, impedindo uma pesquisa mais profunda sobre determinado fato”, disse. “O jornalista tem responsabilidade maior, por isso deve checar, checar e checar a veracidade do fato”, lembrou.
O professor falou ainda dos cuidados que se deve ter com a notícia que se tem em mãos antes de compartilhá-la. “Não acreditar inicialmente em tudo que ouve, vê ou lê; deixar sempre uma pontinha de desconfiança: será mesmo?; verificar a fonte da notícia, se tem credibilidade ou não; esperar um pouco para compartilhar o assunto; consultar outras fontes sobre o mesmo assunto”, alertou.
“O Fake News é devastador para a sociedade. Uma mentira divulgada sobre determinada instituição, pessoa ou assunto pode ter seríssimas consequências, como a história comprova. Além de provocar danos de imagens, econômicos e psicológicos a quem é citado na notícia, após a descoberta de que não era verdade, gera o descrédito do cidadão em relação ao jornalista e o órgão que fez a divulgação. Todo cuidado é pouco”, lembrou Wiliam.
Em entrevista publicada na revista Veja, o diretor do laboratório de pesquisa em mídias sociais da Universidade do estado da Pensilvânia, nos Estados Unidos, Shyam Sundar, afirmou que as pessoas tendem a acreditar apenas nas declarações que confirmam aquilo que corresponde às suas crenças. Para ele, isso se deve a um fenômeno chamado “viés da confirmação”. “Temos uma tendência inata a acreditar em informações que confirmam ou correspondem melhor às nossas crenças e concepções. Da mesma forma, temos uma propensão a descartar tudo o que contradiz nossa visão de mundo”, falou.
Fofocas
O coordenador e professor dos cursos de comunicação da UNIFAE, José Dias Paschoal Neto, também falou a respeito das notícias falsas que circulam por toda a internet e atrelou as Fake News as famosas fofocas. “Na verdade ela existia com outros nomes, era a famosa fofoca. Ela é um objeto de comunicação fortíssimo. As pessoas adoram acompanhar fofocas. Nos tempos de comunicação direta, essa fofoca era feita pela ‘dona Maria’ que ficava na janela fofocando pra outra que fofocava pra outra e isso ganhava dimensões, mas sempre muito restritas. Com a digitalização, esse mundo que todo mundo produz e gera conteúdo, o Fake News na verdade, nada mais é do que uma fofoca com ares às vezes de maldade, às vezes de inspiração de todas as formas radicais, ou simplesmente para a pessoa ter o seu motivo para falar alguma coisa. Quando se fala ‘News’ estamos falando em notícia, então vamos separar. Existe a fofoca, quanto processo de dizer o que você acha, o que você pensa, podendo inventar suas histórias e a outra é você criar Histórias ou criar fatos”, falou.
Paschoal comenta como os Fakes se propagam, mesmo que sua veracidade seja duvidosa. “O fake news só existe quando alguém o alimenta. O retroalimento que é o factoide. E quanto mais você alimentar esse factoide, mais ele ganha contornos de verdade. Há vários casos e estudos de factoides que se transformaram em notícias e foram desmentidas pelos seus próprios autores”, disse.
Formação
O Coordenador ainda falou sobre como é a orientação aos alunos de comunicação para que os futuros jornalistas e publicitários não compactuem com o compartilhamento e criação de notícias falsas. “Como você analisa o factoide? Primeiro a fonte, vê quem é que está escrevendo aquilo; segundo, o que a gente orienta os alunos, é que o bom jornalismo se apura. Na velocidade que as coisas estão hoje, e com a facilidade que as pessoas tem de publicar qualquer tipo de coisa, é muito difícil você ficar num processo de apuração permanente. Mas, no ponto de vista pedagógico, o fake serve pra você mostrar a importância da apuração, a importância da fonte. E aquilo que diferencia hoje o fake de uma notícia de uma mídia ou de qualquer veículo digital, escrito ou de rádio e TV, é a veracidade que você produz aquela informação do ponto de vista de apuração”, contou.
“Não dá para esquecer também que os veículos seguem linhas editoriais, então eles podem transformar aquela informação e trabalhar aquela informação no interesse dos corporativos que ele atende. Eu acho que o Fake não pode ser uma coisa que seja alimentada por um bom jornalista, deve ser evitado de todas as formas e a maneira de se fazer isso é sempre trabalhar com o compromisso da apuração e da informação”, esclareceu Paschoal.
Compreenda as futuras alterações às notícias e às apps relacionadas com notícias
Recentemente, anunciámos alterações à nossa Política de Notícias que irão afetar a forma como as apps de notícias e as apps relacionadas com notícias (como agregadores de notícias) são apresentadas e promovidas no Google Play.
Este artigo fornece uma vista geral das alterações e o que terá de fazer para autenticar a sua app e cumprir os novos requisitos. O artigo não substitui a política propriamente dita. Leia a política na íntegra para garantir que compreende e está em conformidade com o respetivo conteúdo.
Vista geral das alterações
Para criar uma delineação mais clara entre apps relacionadas com notícias e outros tipos de apps, a Google atualizou as políticas e os requisitos para apps que declarem ser de notícias no Google Play. Os exemplos típicos de apps que se enquadram nesta categoria incluem, entre outras, apps de jornais e agregadores de notícias.
Estamos a efetuar estas alterações para garantir a transparência na publicação de notícias no Google Play e promover uma maior responsabilidade para os programadores que criam, agregam ou partilham notícias. O âmbito destas alterações não inclui a avaliação da qualidade do conteúdo de notícias propriamente dito.
Requisitos para apps de notícias
Uma app que se declare como uma app de “Notícias” no Google Play tem de conseguir mostrar a propriedade clara da app e fornecer informações de propriedade acerca do conteúdo de notícias na mesma. Isto significa que, enquanto programador da app, tem de apresentar:
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- Uma página de apoio técnico da app ou um Website do programador; e
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